quarta-feira, 9 de novembro de 2011

sobre o que tá rolando na USP.

Às vezes eu leio algumas coisas no facebook que me deixam puta da vida. A vontade de comentá-las me corrói por dentro, mas, na maioria das vezes, eu prefiro "evitar a fadiga", e sabe por quê? Por dois motivos muito simples: 1. porque a preguiça de manter uma discussão minimamente decente depois de postar minha opinião me consome; 2. porque tem gente que é ignorante e prefere morrer assim mesmo a ouvir e tentar entender a opinião do outro. Maaaaaaaas eu não consigo deixar de comentar o caso da invasão da reitoria da USP. Desde aquela história do livro didático que "ensina português errado" (santa ignorância!), nada me incomodou tanto quanto isso.

Aliás, como não me incomodar com um bando de imbecis dizendo que os estudantes da USP são maconheiros-filhinhos-de-papai lutando pelo direito de fumar maconha livremente no campus? Em primeiro lugar, ser ou não maconheiro não é o foco da manifestação como um todo – generalizações me irritam profundamente. Se vc entende o mínimo que seja de democracia e de autonomia universitária, conquistadas, aliás, por meio da luta de muitos estudantes desse país, vc também entenderia que não se trata de retirar a PM da universidade pra que os alunos possam “fumar maconha em paz”. Talvez alguns estejam lá pura e simplesmente lutando por isso? Sim, com certeza. Mas e vc? E eu?, que estamos lindamente com as nossas bundas grudadas na cadeira escrevendo merda nas redes sociais? 
Antes lutar por algo que não lutar por porra nenhuma.

Em segundo lugar, se o cara é ou não filhinho de papai, o que importa? Que diferença isso faz? E qual é (mesmo) a diferença entre ele e vc? É, vc mesmo, sentado aí, em frente ao seu lindo computador, provavelmente cursando ou tendo cursado uma faculdade particular meia-boca e pagando absurdos por isso? O cara, filhinho de papai ou não, tem seu mérito por estar na USP. Alguns podem julgar como preconceito meu falar isso ou até mesmo dizer que estou falando isso só porque cursei uma universidade pública, ou até mesmo justificar com argumentos do tipo “mas vc fez Letras, qualquer um passa em Letras”, mas foda-se. (Passe na UNESP em Letras porque quer SER PROFESSOR – tarefa nada fácil, aliás - e depois pode ser que eu aceite seu argumentozinho).

Nunca fui do tipo “revolucionária”, que isso fique bem claro aqui. Na verdade, sempre fui meio avessa a esse conceito, mas puta que TE pariu, meu filho(a), se liga!
Muito além do direito de fumar maconha, meu bem, esses estudantes, que vcs estão chamando de babacas, estão lutando por coisas que vcs nem sabem que acontecem dentro de uma universidade pública, a qual é paga, aliás, pelos impostos que vcs – ou seus pais (filhinhos de papai, hein?) – pagam.
Tem muito mais coisa ali, e muita, muita coisa SUJA.

E se vcs, que andam falando merda sobre coisas sobre as quais NÃO TEM O MENOR CONHECIMENTO, não forem tão merdinhas e preguiçosos (coisa que, como já disse, também sou) quanto demonstram ser, leiam isso: http://bloglog.globo.com/ticosantacruz/ e aprendam o que é falar algo com conhecimento de causa e sem se deixarem passar por imbecis aos olhos daqueles que, diferentemente de vcs, sabem do que estão falando.



(E só uma última coisa: a USP não tem INTERUNESP!, só pra manter a seriedade da coisa.)

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Bem legal, Bruna! Como estou com a minha bunda na cadeira e não tenho conhecimento sobre o assunto para poder criticar o que realmente acontece, o mais certo é não se manifestar mesmo. É o mínimo que a gente pode fazer em fez de ficar disseminando besteiras por aí.

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  3. O que mais me irrita é ver como a mídia aproveita pra colocar em primeiro plano uma discussão que foge do foco da questão.

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