quinta-feira, 25 de junho de 2009

o importante é ir pra balada.

Não importa se vai rolar sertanejo, pagode ou axé. O que importa mesmo é ir pra balada. É marcar presença. É engajar-se em conversas inteligentes, do tipo "Paguei 150 reais por esse camarote!", "Nossa! Que blusa linda, amiga! Comprou onde?", "Esse batom é do Boticário?", "Ah, eu só uso Louis Vuitton", "Cara, você precisa ver meu carro rebaixado". É conhecer a galera "top de linha". É ser amigo do organizador da festa. É comprar um Red Label e colocá-lo em cima da mesa pros amigos beberem à vontade, sem deixá-los perceber, claro, que você deixou de pagar a conta de luz pra mostrar-se agradável. É estar sempre com um copo na mão, mesmo que você odeie o gosto da bebida. É fumar com os amigos, mesmo que a fumaça te incomode. É pegar o carro depois da balada, bêbado, pra mostrar que você não tá nem aí pra Lei Seca e pra vida das pessoas que podem cruzar seu caminho na volta pra casa. E, acima de tudo, é orgulhar-se disso tudo.

Não, não. Não estou julgando o gosto musical das pessoas (em termos), muito menos afirmando que elas não devam se divertir. Quite the opposite. Eu mesma adoro sair com a galera. Estou apenas sugerindo que, para algumas pessoas, o importante é ir pra balada e SÓ ISSO. Pra algumas pessoas não importa "ser", importa "aparentar". Não importa ser gente boa, importa fazer-se de gente boa. Não importa ser rico, importa portar-se como tal. Não importa ser inteligente, importa fazer Relações Internacionais em alguma faculdade cara em São Paulo. Não importa planejar um futuro bacana, importa gastar toda a grana no presente. Não importa querer correr atrás de algo novo pra você, deixando de lado algumas futilidades, importa dar a impressão de popularidade.

É.
Que o mundo virou micareteiro, sertanejo e baladeiro, ahhh, isso não é novidade. É um mundo essencialmente mascarado - se é que se pode falar em "essência". Mas deixemos isso de lado, porque o importante MESMO é ir pra balada.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Eu disse que esse seria o lugar de desabafos.

O sumiço é totalmente justificável: concurso República Redonda da SKOL, algo fútil, mas indispensável para aqueles que adoram se envolver em algum tipo de competição. Tá, acabou.

Bom, conversando com um amigo ontem, o Jota, e lendo o blog de um outro amigo, o Samuca, algumas coisas me vieram a cabeça - estranho seria se não viessem, né?
Pois é. Eu já tinha percebido que, conforme o tempo passava, eu me tornava mais e mais "revoltada" com algumas coisas que me rodeiam (não sei se "revoltada" é o adjetivo adequado, mas tudo bem). Parece que os dias correm de um jeito peculiar e têm a intenção de me mostrar o quão tudo anda errado no mundo (essa idéia cartesiana de "certo" e "errado" me incomoda, mas há certas concepções que persistem em nossa mente, até que sejam descontruídas e substituídas).
Durante os 4 anos da faculdade, aqueles que se interessam em realmente se formar e não apenas em ter um diploma-acessório, gastam toda sua energia e sua vontade estudando de fato e tentanto achar um modo de "melhorar" as coisas. Depois de formadas, essas pessoas percebem o que já era evidente: o buraco é bem mais embaixo, meu caro.
Ser professor nesse país desgovernado, que autoriza a abertura de uma faculdade a cada esquina, é realmente frustrante e desmotivante. Mas utilizar essas desculpas-clichês pra justificar o nosso desinteresse para com a educação é encher o tanque desse círculo vicioso.
Acomodar-se é sempre a melhor opção - e eu digo isso por experiência própria. É melhor no sentido de ser mais fácil. É muito mais fácil colocar a culpa num sistema educacional defasado, na formação inadequada dos professores em muitas universidades brasileiras, na falta de esperança de melhoria, etc. Não se acomodar, por outro lado, é extremamente arriscado e, principalmente, frustrante. Professores bem formados saem da universidade com aquela vontade enorme que, no mundo real, esbarra em uma realidade esmagadora. No entanto, perseverar é a única saída. Não podemos persistir nos erros dos outros, muito menos fazer desses erros os nossos. Justificar de maneira alheia a nós também é estupidez.

Sei lá. Alguém ainda tem que ter um fio de esperança e de vontade. Hope dies last.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

memories carry me through the day.

- - - - - - estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. (CL, A paixão segundo G.H.)

Como de costume, Clarice tem sempre o que dizer sobre aquilo que quero dizer. Foi por essa busca, por esse "tentar entender" que voltei aos caminhos tempestivos da escrita. Não falo de escrita literária, nem de escrita acadêmica, de nada disso. Falo de escrita como ato de desabafo, aquela coisa que é capaz de fazer com que eu exprima - bem ou mal - aquilo que fica sufocado, abafado, aqui dentro do meu eu.
É incrível como a gente não se dá conta - ou faz de conta que não se dá - de como o tempo passa de maneira assustadoramente rápida. E isso não é aquele mero clichê de "o tempo voa". É muito mais que isso. É uma percepção melancólica e até mesmo remorsiva de saber que eu, como pessoa que sou - ou acho que sou -, não consegui fazer com que esse tempo voador se prolongasse, pelo menos dentro de mim.
Lembro dos meus 13 anos, quando comecei a achar na escrita a saída para alguns dos meus sufocos internos. E, inevitavelmente, pensar nos meus 13 anos, é retomar uma década atrás. Uma década, meu Deus. Desde então, tantas coisas foram sonhadas, sentidas, e principalmente vividas. O meu eu se tornou outro, e aquilo que parecia alheio a mim se tornou o meu eu mais profundo.
Ironias da vida.
Hoje sei - se é que já não sabia há uma década atrás - que ninguém vive de sonhos, de passado, de nostalgia. Mas sei também que sonhos, passado e nostalgia estão inerentemente ligados à própria vida. Desvencilhamento utópico. É por isso que hoje vivo assim. Escrever não é mais apenas um vômito de tristezas, mas é demonstração materializada do meu sucesso interior. Sinto falta de muitas coisas, sim, mas sei que viver sem elas não é o fim do mundo. Exatamente porque o meu presente me faz olhar para frente mais do que para trás.
Ontem um bom amigo - esses de quase uma década - me disse que "o erro não está em errar, mas em não escolher caminho algum". Eu escolhi o meu, e espero dividi-lo aqui, com vocês, se é que isso interessa a alguém.